quarta-feira, 23 de março de 2016




Aprendendo, com Joanna de Angelis


De Joanna de Cusa, à Clara, seguidora de Francisco de Assis; da grandiosa Sóror Juana Inés De La Cruz à abadessa Joana Angélica de Jesus, as múltiplas vidas da Veneranda Joanna de Angelis.

Com o Mestre Jesus, a quem tão bem soube servir, aprendeu a sublimar o amor e a viver resignadamente; construiu fé sólida e verdadeira, exercitou fidelidade ilimitada, assim foi Joanna de Cusa.

Com Francisco de Assis, viveu a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende. Torna-se, então, uma das discípulas de Clara de Assis.

Em mais uma existência dedicada ao bem adota o nome de Sóror  Juana Ignés De La Cruz, a “Monja da Biblioteca”. Defensora dos direitos da mulher de ser inteligente,  capaz de lecionar e pregar livremente.
Morre vitimada pela peste, aos 44 anos, quando não restava mais nenhum doente, no convento ou na comunidade, necessitado dos seus cuidados.

66 anos após o seu regresso à Pátria Espiritual, retorna na cidade de Salvador (BA), em 1761, como Joana Angélica , filha de uma família abastada. Aos 21 anos ingressa no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de Sóror Joana Angélica de Jesus. Foi irmã, escrivã, vigária e Abadessa. Morreu assassinada por soldados que lutavam contra a independência do Brasil, em 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como, a honra das jovens que ali moravam.

Na metade do século passado Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus.
Deixou contribuições no Evangelho Segundo o Espiritismo, a saber: A paciência, item 7, do capítulo IX e, item 15, do capítulo XVIII, ambos de O ESE, quando se utiliza do pseudônimo "Um Espírito Amigo", nome que voltará a usar quando do seu período de treinamento de psicografia com o médium Divaldo Pereira Franco.

A Veneranda Joanna de Ângelis é dos espíritos que amam puramente. Dedicou-se nas encarnações a servir ao Cristo e cuidar do outro até às últimas consequências.

Modelos em quem se espelhar... De beleza, de força, de inteligência, de bondade...
As sociedades estão sempre em busca de modelos que, rapidamente, frente à discutível incapacidade de os alcançar, os transforma em mitos...
O convite, hoje, é para que humanizemos os nossos mitos, especialmente os de bondade e, quando formos capazes de os humanizar, seremos capazes de nos perceber capacitados a repetir os seus gestos extremados de bondade e nobreza. Humanizar o mito não é levar nossas imperfeições incapacitantes até ele, mas trazer as suas capacidades para a nossa realidade. 

Para aprender a se conhecer, a ser, a viver e a amar. Eis a finalidade da pluralidade das existências. E, para nos auxiliar nesse lento trabalho de reforma íntima, a Veneranda Joanna estuda, na condição de discípula de Jung, a psiquê e os caminhos para a auto cura das mazelas que nos levam aos desequilíbrios vários aos quais nos expomos por causa dos nossos próprios erros.

Em suas existências, Joanna vivência a religiosidade em nível íntimo, exteriorizada, muito mais nos gestos de amor e cuidado com o próximo e com a comunidade do que propriamente nos ritos da religião que esposara, e nos diz que religiosidade é uma saudável busca de si mesmo, e ultrapassa o formalismo religioso.

Nossa evolução passa pelo processo do autoconhecimento: o "conhece-te a ti mesmo", atribuído a Sócrates, continua profunda e extremamente atual. O autoconhecimento é o grande desafio contemporâneo de todos nós.

No desenvolver de suas obras, Joanna nos oferece orientação e diretriz segura que nos guiará na trilha do autoconhecimento e, consequentemente, da auto cura, e apresenta o Amor como o único caminho.

Aprender a se conhecer passa, necessariamente pelo processo da introspecção, onde há que se conhecer e enfrentar a sombra que se esforça para ocultar, mas que se manifesta nos impulsos reativos. Sombras que são os potenciais para a violência, a agressividade, a corrupção. Nesse trabalho, que se deve dar através da observação atenta das emoções, também se identifica as melhores capacidades. As sombras, ou impulsos primários, são resultado das experiências adquiridas e aprendidas ao longo das personalidades acumuladas das diversas vivências. Conclui afirmando que não há que se lutar contra a sombra, mas trabalhar a virtude que a anula.

Aprender  a viver requer o desconectar-se das estruturas coletivas; não ser do mundo, mas estar no mundo.
Aprender a viver é não pautar a vida nas conquistas externas; é abandonar a fatalidade de bem viver e abraçar o viver bem, abrindo mão das bolhas individuais de comodismo.

Aprender a ser é aprender a conviver com a própria solidão. Aprender a conviver consigo próprio, enfrentando as próprias ansiedades e medos e aproveitando-os no próprio trabalho evolutivo.
Ser acima do ter; ser sobre poder; ser para além do parecer. E a que corresponde o ser? 
Ser cordial, correto, ético, digno, respeitador...
Quando buscamos ser, passamos a viver melhor com os nossos medos e com os nossos limites. 

“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.” (Carl Gustav Jung)
O amor e o poder em pólos opostos.

Aprender a amar torna-se uma necessidade para que se estruture psicologicamente, e a fraternidade é o primeiro passo em direção ao amor.

É preciso expandir o olhar para além do ego para perceber as necessidades que estão no entorno. O amor que se deve oferecer ao próximo deve ser consequência do amor que se reserva a si mesmo.

"O amor atravessa diferentes fases: 
o infantil, que tem caráter possessivo, 
o juvenil, que se expressa pela insegurança, 
o maduro, pacificador, que se entrega sem reservas e faz-se plenificador".  (Joanna de Angelis)

Baseado em palestra ministrada  no dia 20/03/2016,  por Paulo Roberto Rocha - SPA/GENL, na Cruzada Espírita Amor ao Próximo, sob o título: "Joanna de Ângelis: Encarnações e Obras.

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