quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Reencarnação e Justiça

Certamente Paulo conhecia o sentido da ressurreição quando, em uma de suas várias prisões, afirmou: "Por causa da ressurreição dos mortos é que hoje sou julgado entre vós." (Atos 24,21)

Seu tom não era de queixume ou carregava vibrações de revolta. Antes, era a constatação resignada daquele que reconhece a parcela de responsabilidade própria implicada no padecimento da hora.

Ainda que a imensa maioria não compreendesse, era a consciência do próprio apóstolo atinando com o exato momento em que quitava parcela de extensa dívida contraída com a Lei, em razão dos inúmeros desagravos cometidos contra o Amor.

Paulo sabia que a Justiça concede oportunidades sem conta, de reajustamento e refazimento para todos, dos que se contam entre os mais justos até os mais comprometidos e pecadores. E não se furtaria à luta, consciente de ser, o momento da batalha, a grande chance de testemunhar sua fé, sua transformação moral, seu crescimento espiritual; azo imperdível de agir movido pelas virtudes crísticas duramente adquiridas.

O apóstolo dos gentios era conhecedor das leis e dos profetas, mas sabedor de que o caminho do Cristo, com o Cristo, para  perfeição exige o sacrifício da renúncia e do renunciar-se. A renúncia do conforto e do comodismo e o renunciar-se ao próprio personalidade.

É o que não compreendeu o jovem ansioso pela salvação que, embora observador dos mandamentos, não possuía ainda a maturidade moral que lhe propiciaria sacrificar suas riquezas em favor da vida eterna.

Que o Pai vos liberte do mal, em atendimento à rogativa do Mestre, porém, que não vos afaste das lutas, sempre edificantes, que promovem aprendizado e possibilitam oportunidade de testemunho santificante de Fé, prova de superação das próprias imperfeições e transformação pelo Amor.

(CEAP - 20/08/2015)